FCM Professora de História

Compromisso de VIDA

Compromisso com a VIDA

Compromisso com os OUTROS

 

Dava os primeiros passos na Sociedade FCM quando se realizou o Capítulo de 1987 que me marcaria profundamente. A moção Testemunhas e Construtoras do Reino , mobiliza-me. (…) Permanecem prioridades urgentes para a Sociedade… “Trabalhar mais na defesa dos direitos do homem, na promoção da mulher, no respeito das liberdades e da justiça, tanto perto de nós como no mundo inteiro. Isto provoca-nos a “fazer existir” o outro nos lugares onde vivemos. Toda a missão deve ser assinalada pelo amor ao pobre e tornar mais concreta esta opção preferencial. (moção II). Ao documento capitular, unir-se-ão com particular força a divisa: “Não te peço que os tires do mundo mas os livres do mal” (Jo 17,15) e o parágrafo 59 das Constituições: (…) As F.C.M. são chamadas à alegria e à responsabilidade de serem testemunhas de Cristo ressuscitado e da força libertadora do seu Evangelho.

Estas referências comprometem-me no quotidiano e nas relações que vou tecendo com os outros em vários tempos, circunstâncias e lugares. Na escola, onde estive como professora de história e como voluntária a partir de então, procurei a partir do Clube de História trabalhar em equipa num projeto com os seguintes objetivos: desenvolver uma consciência de identidade global e as relações interpessoais; fruir o património cultural; desenvolver o espírito crítico; promover uma cidadania responsável, valorizar a diversidade cultural existente na escola e fortalecer o espírito comunitário. Alunos, professores, funcionários e famílias, foram destinatários de diversas iniciativas: debates, conferências, exposições, viagens, comemoração de eventos significativos para uma comunidade escolar diversificada (mais de vinte nacionalidades representadas), participação em campanhas de solidariedade …

Provocada pelos desafios do desemprego, da desestruturação da família, da emigração, que caracterizam atualmente a sociedade portuguesa, procurei ser fiel ao compromisso com a vida na Escola – o meu local de trabalho -, dinamizando com outros/as, crentes e não crentes, iniciativas que promovam a consciência e o compromisso com o bem comum e o desenvolvimento. Entre outras iniciativas, decidimos organizar um programa de férias destinado preferencialmente a alunos com carências diversas (económicas, familiares…). Decidimos avançar para este projeto com poucos recursos humanos e financeiros. Contributos diversos tornaram possíveis as Férias Solidárias: a paróquia, a câmara municipal, professores e alguns filhos já universitários, funcionárias, outras instituições locais, amigos, F.C.M., abraçaram o projeto. Alimentos, transporte, dinamização de atividades, apoio na cozinha, contribuição pecuniária, presença junto dos miúdos, foram os vários modos de participação no projeto. Os colaboradores atingiram as quatro dezenas, para além da paróquia, da câmara municipal, de um ginásio privado, e de uma instituição local de solidariedade social. Com o decorrer dos dias também alguns pais quiseram dar o seu contributo, cada um de acordo com as suas possibilidades. Trabalhar em rede foi o segredo das Férias Solidárias – a responsabilidade partilhada teve como fruto a motivação e a alegria. Após duas semanas de refeições partilhadas, ajudando na cozinha, ou, no serviço das mesas, de atividades lúdicas, desportivas, culturais, visita guiada ao Santuário de Cristo Rei e ao Aquário Vasco da Gama,… os alunos no final, felizes, perguntaram: no próximo ano onde é que vamos?

Não posso deixar de partilhar que me lembrei da viúva de Sarepta (1 Rs 17,9 ss.; Lc 4,26) e daquela pobre viúva referida em Mc 12, 42-44, quando me foi perguntado se queríamos ovos, a única coisa que uma paroquiana que queria colaborar, tinha para dar. Deus ultrapassa-nos sempre em generosidade e no final sobraram dinheiro e alimentos. Estes, partilhámos com outros que sabíamos necessitados e o dinheiro vai ser utlizado na aquisição de livros e outro material escolar no início do ano letivo.

Aprender com Adelaide e Clorivière a reconhecer a presença do Senhor na história e ser fiel aos Seus sinais no coração do mundo é o apelo que sinto como F.C.M., pois o Senhor me/nos diz: “ Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”.

 

Uma FCM portuguesa

Professora de História